terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O mundo com rosto

Noite de 31 de dezembro e resolvo abrir meus e-mails. Minha amiga de Taiwan carinhosamente me deseja um Feliz Ano Novo.  Lá já era outro ano. Dias antes outra amiga da Inglaterra desejou Feliz Natal e contou novidades, falou da neve que a impediu de ir trabalhar. Morei um mês na casa dela, casa essa que ela acabou de deixar, pois precisava de uma casa maior.
Um lugar é um só um lugar se alí não mora um pedaço do nosso coração. Essas pessoas e outras de alguma forma tocaram meu coração, então hoje a Inglaterra para mim tem um rosto. Não é apenas um lugar. Um pedaço de mim, da minha história ficou alí. Quando leio qualquer notícia de lá, deixa de ser só uma notícia, para ser algo que me toca realmente.
Todos os dias as notícias vão mudando, cada uma pior que a outra. Mas nossa mente vai se acostumando e esquecendo, porque não temos referência. Mas basta ser em algum lugar em que conhecemos alguém e nossa mente presta maior atenção e nosso coração já fica apertado.
Quem já leu O Pequeno Príncipe lembra quando ele fala que uma coisa é só uma coisa até que cativa o seu coração. Se você conviver, cuidar, dividir sentimentos aquela coisa ou lugar passa a pertencer a você. Então tenho alguns lugares que me pertencem, da qual faço parte para sempre, porque neles moram pessoas que me cativaram o coração.
Cada lugar no mundo tem os seus costumes, diferenças de pensamento para algumas questões, mas o que percebi é que os sentimentos são os mesmos. Sofremos todos por amor. Queremos o melhor para os nossos, sejam eles filhos, pais, amigos, parentes. Buscamos a felicidade e não sabemos como encontrar. Queremos ser amados em qualquer que seja o lugar do mundo.
Uma vez expliquei para uma japonesa sobre Santo Antonio e essa coisa de ele ser um santo casamenteiro. Ela é budista. Acho que ela entendeu. Achou engraçado. Pensando em tudo isso resolvi mudar o meu blog, pois quero escrever também para esses rostos que estão em outros lugares e que eu não sei se entendem o que significa catar conchinhas. Não sei se eu saberia explicar isso em outra língua, então agora vou escrever no endereço http://conversasobresentimentos.blogspot.com
Como eu disse todos entendemos quando falamos sobre sentimentos. Espero você no meu novo endereço. Vou continuar a dividir meus sentimentos com você. Vou tentar aprender mais sobre blogs para melhorar o meu. Se souber algumas coisas divida comigo.
Beijos

domingo, 10 de janeiro de 2010

Retornar

Fui comprar pão e não voltei. Fiz como falavam nas histórias antigas, quando o marido ia comprar cigarro e não voltava mais. Desapareci por três meses dessa minha casa, porque aqui me sinto em casa. Mas, de repente, precisei ir embora, precisei dar uma pausa nas palavras. Precisei de silêncio dentro de mim. As vezes precisamos do silêncio para escutar a alma.
 Ontem reencontrei as palavras dentro de mim e foi como retornar para casa. Palavras me encantam, me fazem viajar e voar, mas as vezes elas que eu amo tanto também me machucam. Muitas vezes o que ou quem amamos nos machucam também.
Bem, mas voltei e tive vontade de dividir isso com você, além de me desculpar. Não parece muito correto sumir sem deixar explicações. Também as vezes não conseguimos nos explicar, precisamos deixar o tempo passar.
Olho lá fora e vejo a tarde que está acabando. Escuto crianças brincando.  Os pássaros ainda cantam. Percebo a vida passando. Minha filha está lendo um daqueles livros que darão muitos filmes. Já assistimos dois e ainda faltam mais dois. Ela está lendo o último e perguntei se a história deles realmente termina. Então ela respondeu que sim, porque ela vai começar o capitulo do  felizes para sempre.
Isso fez eu sorrir e pensar por qual razão não somos felizes para sempre. Não sei a resposta, mas nesse momento estou feliz e isso deve bastar.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Elogios

Estava eu um pouco desanimada. O dia está nublado, ameaçando chover, mas por dentro estou sentindo que preciso de sol, de energia, então para ajudar um pouco coloquei uma blusa amarela nada discretinha. O engraçado é que só de colocar a blusa parece que fico mais iluminada mesmo. Até melhorou um pouco o meu astral.
Mesmo assim só uma blusa não resolve tudo. Então telefono para uma amiga que mora em Santa Catarina para saber se está tudo bem, afinal parece que a natureza está furiosa. Ela me garante que está tudo bem e que a televisão está exagerando. Apenas um pouco de água entrou na sua cozinha. Nós somos assim quando amamos lugares ou pessoas. Olhamos as qualidades e desculpamos ou fazemos vista grossa para os probleminhas.
Fico mais tranquila e continuo o meu dia procurando energia, entusiasmo, apesar de não estar muito animada nos últimos dias. Minha médica falou que é hormonal e quando manifestei preocupação sobre isso piorar na menopausa, ela me tranquilizou dizendo que tudo iria passar. Mas uma amiga que já está na menopausa afirmou categoricamente que eu ficaria pior.
Estou escolhendo acreditar na minha médica, mas para garantir comprarei mais blusas amarelas, vou cuidar dos meus amigos e arrumar outros e tentar colher mais conchinhas para escrever minhas histórias. Vou manter meus livros amigos bem cuidados também, pois amo as palavras e alguns livros que eu tenho já me fizeram companhia em dias dificeis.
Porém o que trouxe uma energia maior , dando uma vontade de sentar e escrever foi um elogio. Recebi um de uma pessoa que não conheço pessoalmente. Ela me elogiou em algo muito importante para mim. As minhas palavras.
Sabe, muitas vezes eu como mãe me perguntei o que educava mais. Críticas ou elogios? Alguns dizem que são as críticas, mas as melhores respostas que eu tive das minhas filhas foi quando eu fiz um elogio sincero, de algo que era único nelas, de algo importante para elas. Então eu acredito em elogios. Eu estou sorrindo agora por causa de um. E como eu estou sorrindo, meu coração está amoroso e acabo passando isso para as pessoas. O mundo, pelo menos algumas pessoas dele ficam mais felizes e fazem outras pessoas felizes também.
Você já elogiou alguém hoje?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Colher o dia

Ano passado eu visitei Pompéia, a cidade destruída pelo vulcão Vesúvio. Nosso guia era um poeta que amava o que fazia. Não permitia conversas paralelas enquanto contava os fatos, entre uma poesia e outra. As mulheres adoraram. Acho que os homens também, apesar de não admitirem.
Aquelas pessoas estavam nos afazeres do dia a dia, quando de repente o vulcão se fez presente, levando tudo. Acabando com tudo. De repente.
Assim é a vida. Achamos que seremos avisados, que temos muito tempo, que podemos protelar e então, de repente, num único instante tudo acaba, termina, muda. Sem aviso. Sem hora marcada.
Ah! Mas não é de tristeza que quero falar, porque ontem lembrei do meu guia poeta. No meio daquela linda destruição, porque Pompéia é linda, ele falava em beleza, vida, felicidade. E lembrei dele ao ler em outro livro uma palavra que ele falou muitas vezes. Carpe diem, cujo significado é colher o dia , aproveitar o momento, viver o presente, estar presente no hoje.
Você aproveitou o seu dia? Você fez o melhor que pode hoje? Você esteve presente hoje? Perguntando isso lembrei de quando a gente respondia a chamada na escola e falava presente. Acho que muitas vezes o corpo estava presente, mas a mente estava em algum lugar do futuro. Será que não continuamos assim?
Naquele dia em Pompéia recebi uma linda lição. Nosso guia ao se despedir de mim, apertou minha mão e novamente disse CARPE DIEM. Atrás aquele cenário que confirma que somos finitos. Mas eu esqueci . Ontem eu lembrei e com a lembrança veio uma presença no meu dia. A minha presença. E desde então estou sorrindo e minha alma está feliz em poesia.
Rosana! PRESENTE.
Você!______________

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Escolhendo

Algumas pessoas voltaram para a minha vida. Outras saíram. Nos dois casos foi porque eu permiti.
Algumas pessoas nos fazem mal, não porque elas sejam más, mas acredito que seja porque elas não iluminam o melhor que nós temos. Então elas nos fazem infelizes. Talvez seja porque nessa vida não viemos para dividir o mesmo palco. Porém muitas vezes demoramos para deixar ir, para abrir mão de pessoas, situações, lugares que não nos fazem bem, que não fazem sair o melhor de nós.
Por que não somos felizes? Esta pergunta surgiu em conversas com uma pessoa que retornou a minha vida e pensando na pergunta eu acredito que seja porque escolhemos não ser.
"As escolhas que fazemos e não as oportunidades que temos é que determinam o nosso destino". Essa frase eu li em um quadro pendurado em uma casa onde eu fui feliz por alguns dias. Eu escolhi ser feliz alí, eu me permiti.
Por que eu resolvi dividir isso com você? Porque algumas pessoas que sairam da minha vida ou estão distantes eu lamento e escrevendo sobre isso pensei que foi uma escolha e podemos mudar escolhas e tomar atitudes. Outras que sairam eu demorei tanto para deixar ir que permiti que me fizessem mal. Mas as pessoas que voltaram para a minha vida, por minha escolha, trouxeram carinho, amizade e felicidade.
Existe alguém que saiu da sua vida e faz realmente falta? Essa pessoa iluminava você? Telefona para ela, manda um e-mail. Pode mandar uma carta, se você souber ou se lembrar o que é isso. Ah! Os Correios continuam existindo. Tenha certeza que você vai ficar mais feliz!
Não podemos escolher as situações, mas podemos escolher como viver as situações. Nossos melhores e piores sentimentos sempre vão aparecer, mas também podemos escolher qual vamos incentivar.
Ser feliz é fácil? Não. Mas viver infeliz é muito difícil!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Desaprender

Recebi um lindo texto sobre cabelos despenteados. Quando nossos cabelos estão despenteados é porque fizemos algo de bom e portanto, ficamos felizes. Então por que passamos a vida toda aprendendo a pentear os cabelos?
Por que aprendemos uma porção de coisas inúteis para depois na meia idade perceber que era tudo bobagem e que o melhor mesmo é ser feliz? Tirar dez nas provas. Não conversar na escola. Trigonometria. Catetos. Sente direito menina. Meninos não podem chorar. Boas meninas não fazem isso. E tantas outras coisas que ouvimos e que entra dentro de nós fazendo mal, falando que a gente não é bom o suficiente. Aprendemos a esconder nossos sentimentos e a domar nossas vontades até que nossa alma fique totalmente triste, desiludida. Então é o momento de desaprender tudo e voltar a nossa essência.
Homens que valem a pena choram sim. Conversar é muito bom. Trigonometria é um saco para a maioria. Sente confortável. Aprender é muito bom e tirar dez não quer dizer nada. Boas meninas têm o direito de ter prazer e serem felizes. Passar a mensagem é mais importante que a concordância verbal e nominal. E tudo o mais que você achar que cabe aqui.
Desaprender dá um trabalho danado e não temos professores. Na maioria das vezes é um trabalho solitário, sofrido. Mas cada uma dessas coisas que você desaprende faz você sentir o corpo mais leve, geralmente leva um sorriso aos lábios, suaviza as rugas, rejuvenesce o espirito e faz a sua criança interna cantar.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Para mim

Já tem um tempo que estou namorando rosas no mercado, mas fico esperando ganhar. Como fico esperando também tantas outras coisas ou atitudes de outras pessoas, mas elas não acontecem e eu fico infeliz. Ontem eu fiquei pensando que talvez as pessoas que eu espero alguma coisa nem saibam que eu estou esperando, porque ninguém pode saber o que os meus sentimentos estão precisando no momento. Só eu posso.
Então liguei para uma pessoa que eu queria conversar. Assisti o filme que eu queria assistir. Fiz a comida que eu queria comer. Li uns trechos de um livro que eu adoro. Ouvi música que eu gosto de ouvir. Fiz minha yoga. Tudo isso entre as muitas coisas que faço no dia, geralmente para as outras pessoas, mas resolvi abrir um espaço para mim.
Isso tudo foi ontem que eu fiz. Acordei hoje e no carro fiquei brava com minha filha pequena por uma bobagem e então parei e pensei que não queria isso para mim. Olhei para ela, sorri e disse que o caso em questão, que era uma tampa de garrafa, não tinha a menor importância. Percebi que ao fazer isso por ela, fiz também por mim. Ficamos as duas alegres.
Muitas vezes eu fico esperando atitudes de outras pessoas e então percebi que passo o controle da minha felicidade para outras mãos. Hoje resolvi assumir o controle. Tomei o leme em minhas mãos. Mudei uma atitude. Parei tudo que estava fazendo para vir aqui escrever. Comprei minhas rosas vermelhas e o dia está só começando. Tenho mil possibilidades.
E você? O que está esperando que alguém faça por você? O que você pode fazer para alguém?
Como você pode mimar você mesmo hoje? Eu já comecei comprando minhas rosas.