quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Desaprender

Recebi um lindo texto sobre cabelos despenteados. Quando nossos cabelos estão despenteados é porque fizemos algo de bom e portanto, ficamos felizes. Então por que passamos a vida toda aprendendo a pentear os cabelos?
Por que aprendemos uma porção de coisas inúteis para depois na meia idade perceber que era tudo bobagem e que o melhor mesmo é ser feliz? Tirar dez nas provas. Não conversar na escola. Trigonometria. Catetos. Sente direito menina. Meninos não podem chorar. Boas meninas não fazem isso. E tantas outras coisas que ouvimos e que entra dentro de nós fazendo mal, falando que a gente não é bom o suficiente. Aprendemos a esconder nossos sentimentos e a domar nossas vontades até que nossa alma fique totalmente triste, desiludida. Então é o momento de desaprender tudo e voltar a nossa essência.
Homens que valem a pena choram sim. Conversar é muito bom. Trigonometria é um saco para a maioria. Sente confortável. Aprender é muito bom e tirar dez não quer dizer nada. Boas meninas têm o direito de ter prazer e serem felizes. Passar a mensagem é mais importante que a concordância verbal e nominal. E tudo o mais que você achar que cabe aqui.
Desaprender dá um trabalho danado e não temos professores. Na maioria das vezes é um trabalho solitário, sofrido. Mas cada uma dessas coisas que você desaprende faz você sentir o corpo mais leve, geralmente leva um sorriso aos lábios, suaviza as rugas, rejuvenesce o espirito e faz a sua criança interna cantar.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Para mim

Já tem um tempo que estou namorando rosas no mercado, mas fico esperando ganhar. Como fico esperando também tantas outras coisas ou atitudes de outras pessoas, mas elas não acontecem e eu fico infeliz. Ontem eu fiquei pensando que talvez as pessoas que eu espero alguma coisa nem saibam que eu estou esperando, porque ninguém pode saber o que os meus sentimentos estão precisando no momento. Só eu posso.
Então liguei para uma pessoa que eu queria conversar. Assisti o filme que eu queria assistir. Fiz a comida que eu queria comer. Li uns trechos de um livro que eu adoro. Ouvi música que eu gosto de ouvir. Fiz minha yoga. Tudo isso entre as muitas coisas que faço no dia, geralmente para as outras pessoas, mas resolvi abrir um espaço para mim.
Isso tudo foi ontem que eu fiz. Acordei hoje e no carro fiquei brava com minha filha pequena por uma bobagem e então parei e pensei que não queria isso para mim. Olhei para ela, sorri e disse que o caso em questão, que era uma tampa de garrafa, não tinha a menor importância. Percebi que ao fazer isso por ela, fiz também por mim. Ficamos as duas alegres.
Muitas vezes eu fico esperando atitudes de outras pessoas e então percebi que passo o controle da minha felicidade para outras mãos. Hoje resolvi assumir o controle. Tomei o leme em minhas mãos. Mudei uma atitude. Parei tudo que estava fazendo para vir aqui escrever. Comprei minhas rosas vermelhas e o dia está só começando. Tenho mil possibilidades.
E você? O que está esperando que alguém faça por você? O que você pode fazer para alguém?
Como você pode mimar você mesmo hoje? Eu já comecei comprando minhas rosas.

domingo, 23 de agosto de 2009

Pontos fortes

Eu li um livro sobre como fortalecer nossos pontos fortes. Acho que nunca tinha pensado muito sobre isso. Sempre estive preocupada com as minhas fraquezas, meus fracassos, aquilo que não faço bem. Nunca pensei em reforçar meus talentos, aquilo que era mais fácil eu fazer, o que me dava mais prazer. Fiquei pensando em quantas vezes sofri pela nota mais baixa e não fiz festa para as minhas notas altas.
Para muitas coisas em que não tenho facilidade para fazer e situações que tenho dificuldades para lidar, existem muitas outras em que faço dançando, problemas que não parecem problemas. Acho que é porque nesses momentos não estou me obrigando a ser o que não sou. Acho que é porque estou sendo eu. E é tão fácil quando somos nós mesmos.
Você sabe seus pontos fortes? Sabe dizer onde estão os seus talentos? Você usa os seus pontos fortes ou está correndo atrás dos seus fracassos?
E o que fazer com aquilo em que não somos bons, mas que somos obrigados a lidar? Bem, aprender administrar, porque ninguém é bom em tudo. Mas nos últimos dias tenho reparado que quando me fixo nos meus pontos fortes, encontro um caminho melhor para lidar com aquilo que não é tão fácil para mim.
Pense nos momentos em que você estava realmente feliz. Lembre das coisas ou situações em que estava realmente sentindo prazer. Pense naquilo que você faz com facilidade e que por essa razão nem repara. Você vai encontrar seus talentes e então vai encontrar com você mesmo. Tenha certeza que você vai sorrir.

sábado, 15 de agosto de 2009

Pequenos gestos

Hoje alguém me fez feliz. Nunca tinha visto essa pessoa antes, mas hoje ela foi responsável por eu me sentir feliz. Não foi um grande gesto para ela, foi algo corriqueiro e comum, mas para mim foi algo imenso.
Então fiquei pensando que talvez algum gesto meu, pequeno, tenha feito a diferença para alguém. Não sei. Sempre pensamos em coisas grandes, importantes, mas a vida é feita de pequenas atitudes que juntas fazem a diferença.
As vezes dizer um bom dia possa fazer a diferença no dia de uma pessoa. Um sorriso e a outra pessoa recebe aquilo como uma luz. Somos tantos que todos passam despercebidos, mas cada um é um e acredito que todos querem ser olhados, ouvidos, entendidos. Todos querem receber aquele olhar que diz que ele é gente e não mais um.
Morreram cento e cinquenta em um avião. Morreram trezentos de gripe. A violência leva milhares de jovens na nossa cidade. Mas por trás desses números estão pessoas com uma história única.
Decidi então dividir essa minha alegria de hoje com você, pois gosto das palavras. Eu desliguei a televisão, porque ela faz eu viver no automático e vim aqui conversar com você. Como foi o seu dia? Já fez algo que gosta de fazer hoje? Se não fez, ainda dá tempo. Uma boa noite para você!

sábado, 8 de agosto de 2009

Pausa na vida

Estou saindo de um resfriado muito forte. Nesses tempos é melhor falar assim. Apesar de ser um resfriado me obrigou a dar uma pausa nas coisas importantes da vida. Ganhei um passaporte para não fazer nada. Quem exige um passaporte para não fazer nada? Talvez você se pergunte. O fiscal mais severo que eu conheço, eu mesma.
Tenho um livro que fala sobre doenças e suas causas, não essas físicas, mas as emocionais e espirituais e nele a gripe é descrita como uma forma do corpo fazer você parar um pouco. Tudo em você está precisando de uma pausa, corpo, mente e espírito, mas claro que você não pode parar. Ninguém pode parar. Temos tantas coisas para fazer. Bem, então o corpo que é esperto fica doente e então nada mais tem a mínima importância. Nada parece mais importante do que deitar na sua cama e ficar lá sem fazer nada. Já perceberam que todas as pessoas que têm alguma doença grave, dessas que a morte passa a ser uma possibilidade, mudam a forma de olhar a vida e suas prioridades.
Tentei escrever aqui, mas nada parecia funcionar. Eu parava no segundo parágrafo. Percebi, então, que o silêncio é de ouro. A palavra escrita também. Mas pensei muito sobre porque as pessoas correm tanto. Onde será que acreditamos que iremos chegar?
Então lembrei de um filme em que dois personagens estão doentes, com pouco tempo de vida. Eles resolvem então fazer tudo o que gostariam de ter feito, mas até aquele momento tinham adiado. Agora com o passaporte da morte isso seria permitido, nada mais tinha importância.
Um deles falou que depois da morte ele teria que responder duas perguntas e aqui vão elas:
Você foi feliz? Você fez alguém feliz?
Estou pensando na minha resposta nesse momento de pausa. Pense na sua.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Perfeição

Estou tentando escrever o texto perfeito, motivo pelo qual é quase fim de tarde e eu não postei nada no meu blog, apesar das muitas idéias.
Mas precisa ser perfeito? Não pode ser o melhor que você puder fazer nesse momento?
Ontem assisti um filme em que o rapaz está deitado na cama de um quarto inteiramente bagunçado. De repente ele levanta e começa a limpar o quarto. Tira todo o lixo. Limpa os móveis não deixando nenhuma poeira. Organiza papéis. Guarda tudo dentro das gavetas. Passa aspirador de pó. Organiza o banheiro. Olha satisfeito. Está tudo perfeito. Sua imagem está preservada. Então ele corta os pulsos na pia e caí no chão do banheiro. Nesse momento, no instante final, ele vê um pouco de pó perto da banheira.
Por que precisamos ser perfeitos? Quantos momentos deixamos de aproveitar em busca da perfeição? E a perfeição é exigente. Nada está bom. Faltou um pouco de sal. A cor do cabelo não era bem essa. Ainda precisa perder uns dois quilos. Você deveria ter falado antes. Essa calça deixa você gorda.
Algumas frases que a perfeição fica falando e você pode acrescentar outras aqui. Li uma frase em uma revista que uma artista agora estava feliz e perfeita. Ela entrou em um jeans 36.
Será que só assim podemos ser felizes? Quem determina o que é perfeição? Eu e a maioria que eu conheço não entra em um jeans 36, então estamos condenados?
Volto ao inicio do meu texto. Muitas vezes eu deixo de escrever, porque eu estou cobrando alguma perfeição da minha parte. Toda a casa limpa. Nada faltando em casa. Não esquecer de telefonar para ninguém. Não esquecer os pedidos da escola. Você não falou bom dia para aquela pessoa. Enfim, muitas cobranças para eu sentir que agora eu posso relaxar e escrever um pouco. Mas não pode ser qualquer coisa. Tem que ser perfeito!
Termino esse texto aqui já sabendo que ele não está perfeito. Eu repeti demais essa palavra e isto é errado, cansativo, enfim meu texto, assim como o banheiro do rapaz do filme, também tem um pó no canto.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Escutar os sentimentos

Eu queria conversar sobre um encontro com mulheres que eu tive na semana passada. Dançamos, resumimos em uma ou duas palavras a causa dos nossos sofrimentos. Todo o encontro regado a brigadeiro, beijinho e refrigerante, apesar deles serem a causa do sofrimento da grande maioria alí ou pelo menos elas pensavam que sim.
Mas eu saí com uma sensação de desapontamento e fiquei naquele instante com a impressão que apenas eu senti isso. Todas pareciam satisfeitas, alegres e integradas. Eu me senti deslocada e claro, como sempre fazemos eu pensei que eu era realmente uma pessoa muito estranha. O problema era comigo.
Depois fiquei pensando o que aquelas pessoas realmente queriam. Será que era só se reunir? Talvez conhecer outras pessoas? Comer brigadeiro e beijinho sem culpa? Acho que não. Acredito que o que elas realmente queriam era conversar. Falar dos seus sentimentos, deixar sair um pouco a dor que todos sentimos por culpa, cobrança, imperfeições, solidão, tristeza, incertezas, falta de amor ou qualquer outra coisa que faça nossa alma chorar.
Percebi em pequenos momentos alguém tentando falar um pouco de si, mostrando que era uma pessoa única, mas eram muitas e não havia espaço para ninguém ser especial.
Então eu finalmente percebi que senti falta de ser olhada e realmente ouvida. Fale de você e eu irei escutar, porque você é uma pessoa especial, única.
Eu não sou estranha e não há problemas comigo. Eu só fui ao encontro errado. Acho que eu queria sentar com algumas daquelas mulheres, tomar um café e conversarmos. Porque o que eu pude notar alí é que todas estão sofrendo e sentindo que estão sozinhas com seu sofrimento.
Aqui nesse ponto eu paro e fico pensando o que eu queria realmente falar para você com tudo o que eu escrevi.
Você não está errado. Você não é estranho. Respeite os seus sentimentos, porque é a sua alma falando alguma coisa para você. Estou falando isso para você para eu mesma escutar.