segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Catando conchinhas

"Escrever é catar conchinhas", disse o escritor Rubens Alves. Não o conheço pessoalmente, mas o considero amigo, porque suas palavras me encantam. Deixei de catar conchinhas e comecei a procurar arcas de tesouros. Conheci a depressão, a insatisfação e a tristeza.
Voltei a catar minhas conchinhas e minha alma agradecida está alegre. Cada conchinha contém uma história e encerra em si um tesouro. Hoje peguei minha primeira, aquela que chamou a atenção de meus olhos. Era branca com um enorme buraco no meio e uma mancha marrom, também enorme. Pensei nela como uma pessoa com muitos anos de vida, carregando na sua face as feridas que o viver trouxe. Percebi uma pessoa única, diferente de todas as outras, nem melhor, nem pior. Apenas uma pessoa construindo a sua história. Talvez tenha amado, talvez tenha sido correspondida. Talvez não. Talvez tenha tido sonhos realizados. Talvez não. Não posso saber, ninguém contou a sua história, porque afinal era apenas uma pessoa, uma conchinha. Não era um tesouro.
A minha conchinha está aqui ainda. Ela ainda tem uma história para continuar a viver. Vou devolver ela para o mar, depois que ela me contar a sua história, que depois divido com você. Quero conhecer outras conchinhas e também contar as suas histórias. Espero que você divida suas conchinhas comigo.

Um comentário:

disse...

Pude te ver e sentir nestas palavras.
Vc é uma pessoa linda e sensível!
Epero catar muitas conchinhas ainda com vc.
beijo